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PLURAL: os textos de Suelen Aires Gonçalves e Silvana Maldaner

  • Somos UFSM
    Suelen Aires Gonçalves
    Socióloga e professora universitária

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    Sou cientista social formada pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) na turma de 2009. Sou filha da primeira turma de ações afirmativas. Sou cotista racial com muito orgulho e minha trajetória, enquanto mulher negra cientista, é marcada pela minha experiência nesta instituição. 

    Nossa coluna da semana será dedicada à reprodução de partes de um artigo publicado no Brasil de Fato pelo colega Fabrício Silveira,formado em Jornalismo pela UFSM. Concordo em o número, gênero e grau com o exposto pelo colega neste parágrafo.

    "Para começar, um esclarecimento que seria desnecessário caso a confusão política em que hoje vivemos não fosse tão dramática e tão arquitetonicamente moldada para truncar (conforme é conveniente) qualquer debate sério: o senador Luis Carlos Heinze (PP/RS) está longe de ser um estudioso ou um intelectual, está longe de ser alguém que conheça (ou que admire, ao menos) o mundo da universidade. Quem o acompanha na CPI da Covid sabe do que estou falando: dogmatismo, negacionismo e anticientificismo têm caracterizado, à exaustão, a conduta de tal senador".

    CAOS INSTAURADO

    Sim,meus caros. Estamos diante de um cúmplice do caos instaurado no governo federal que atinge diretamente a vida de todo povo brasileiro. Não me espanta uma fala como aquela vinda de um senhor que se graduou no período da ditadura civil militar. Momento esse quando, no país, o pensamento crítico era duramente atacado. Período obscuro da nossa história.

    Voltando ao texto do colega, eis um trecho memorável: "Como político alçado momentaneamente à proximidade do poder, o compromisso de Luis Carlos Heinze não é com a verdade, com a justiça ou com o esclarecimento público. Seu compromisso fundamental é com os dividendos de suas próprias falas, é com o acúmulo de capitais e favorecimentos políticos que lhe interessam. Os depoimentos do senador, caso fossem extraídos do simplório jogo de polarizações em que são lidos (e ao qual alimentam), não acrescentam absolutamente nada. São insignificantes".

    Nós somos UFSM. Temos orgulho da universidade que contribuiu na nossa formação acadêmica e cidadã. Somos cientistas comprometidos com a ética e com o trabalho em prol da nossa sociedade por justiça social. Já eles estão no lixo da história com suas trajetórias marcadas pela mediocridade, pelo negacionismo, pela hipocrisia e pelo não respeito à ciência.

    Dai a Lázaro o que é de Lázaro
    Silvana Maldaner
    Editora de revista

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    A ficha corrida do Lázaro é extensa. Começou em 2007 quando tinha 19 anos. Matou um pai junto ao filho na Bahia. Ficou 10 dias preso e fugiu. Continuou roubando e estuprando. Foi preso novamente em Brasília. Depois de seis anos, passou para o regime semiaberto e voltou a cometer crimes. Em 2018, foram três mandados de prisão por homicídio qualificado, roubo, estupro.

    Em 2021, ficou conhecido como serial killer, um psicopata irreversível, fazendo verdadeiras chacinas no interior de Goiás. Nesta mega operação inédita no Brasil, com mais de 20 dias de perseguição na mata, envolvendo mais de 200 homens da polícia para capturá-lo, o desfecho era inevitável. A polícia foi aplaudida por muitos e criticada por outros.

    Fico imaginando se ele tivesse sobrevivido. Em pouco tempo, algum juiz o soltaria e ele voltaria a cometer novos crimes. Algum cineasta brasileiro faria algum filme enaltecendo sua vida e a sua perseguição pela sociedade opressora. A mulher dele faria algum depoimento no Fantástico de como ele era um bom marido, bom pai e cheio de sonhos.

    O brasileiro, criativo, como sempre, desenvolveu muitas piadas, fez vídeos e, por duas semanas, ele foi o elemento mais midiático e temido deste país.

    Foi engraçado, mas não para as mães estupradas, ou os filhos e as famílias destroçadas pela violência de um homem armado. Entrava em fazendas e comunidades sabendo que as pessoas de bem não estariam armadas. Que não teriam defesa.

    Quantos psicopatas irreversíveis são presos? E quantos estão soltos? Conforme o Conselho Nacional de Justiça, na pandemia, mais de 32 mil presos foram liberados. Sabemos que, no Brasil, não temos um trabalho efetivo de reabilitação ou ressocialização. Como socializar quem nunca pertenceu a uma sociedade? Segundo psiquiatras forenses, a psicopatia não tem cura. Nestas horas, reflito como que países desenvolvidos resolvem a questão dos direitos humanos. Aliás não precisa nem ser muito desenvolvido, apenas com baixa criminalidade. 

    Na maioria dos países orientais, exemplos como Japão, Dubai, Cingapura, Tailândia, o preso, o criminoso, não tem direitos. Ele os perde quando não cumpre os deveres com a sociedade. Quem tem direitos é o cidadão, o trabalhador e o pai de família. As leis são rígidas e a impunidade não vinga, não prospera e não estimula. 

    Precisamos de mais uns mil anos para evoluir então, pois, aqui, nem sabemos quem são os bandidos, ou quem são os mocinhos. Tem bandido fazendo lei, tem bandido julgando e tem bandido protegendo.


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